Festival da Canção de 1967: saiba tudo sobre o lendário evento

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—∘═ :microphone: - Introdução

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O Festival da Música Brasileira era um evento promovido anualmente pela TV Record para revelar e premiar os grandes nomes da MPB. Das cinco edições, a terceira, que ocorreu em 1967, sem dúvida foi a mais memorável, entrando para a história como um marco da revolução musical.

Naquela época, a emissora encarava o Festival mais como um programa musical televisivo de sucesso do que como um grande evento de importância política e cultural. A ideia era adaptar o Festival de Sanremo, que acontece na Itália, para os padrões brasileiros.

Assim, era exigido que os artistas e apresentadores se vestissem com trajes de gala, o que conferia às apresentações um ar de seriedade e glamour que contrastava com a animação da plateia, formada por jovens universitários que não deixava de aplaudir – ou vaiar – efusivamente os músicos de acordo com suas preferências musicais ou políticas.

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—∘═ :microphone: - Por dentro do Festival da Canção de 1967

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O Festival da Canção acontecia em quatro fases: três eliminatórias e a grande final. Em cada eliminatória eram apresentadas 12 canções, das quais apenas 4 se classificavam. Na final, as 12 últimas canções classificadas disputavam o troféu Viola de Ouro.

De acordo com Zuza Homem de Mello, autor do livro A Era dos Festivais, em 1967 mais de 4 mil músicas foram recebidas para a disputa de 25 milhões de cruzeiros e do troféu Viola de Ouro para o primeiro colocado, 10 milhões para o segundo, 7 milhões para o terceiro, 5 milhões para o quarto e 3 milhões para o quinto.

—∘═ :microphone: - As tensões na MPB em 67

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Em 1967, a MPB ava por rupturas e tensões. De um lado, havia os defensores da chamada música tradicional brasileira, influenciados pela bossa nova.

Do outro, os jovens descolados que se inspiravam no rock ‘n’ roll estrangeiro, principalmente no som dos Beatles e Elvis Presley.

Em meio a essa tensão, no dia 17 de julho de 1967 ocorreu a Marcha Contra a Guitarra Elétrica, em São Paulo.

Liderada por Elis Regina, Jair Rodrigues, Edu Lobo, Geraldo Vandré e MPB-4, a eata foi um protesto de músicos tradicionais contra a influência estrangeira na música. Até mesmo Gilberto Gil participou da manifestação.

Mais tarde, Gil se justificou dizendo: Eu participava com Elis daquela coisa cívica, em defesa da brasilidade, tinha aquela mítica da guitarra, como invasora, e eu não tinha isso com a guitarra, mas tinha com outras questões, da militância, era o momento em que nós todos queríamos atuar. E aquela eata era um pouco a manifestação desse afã na Elis.

Já outros artistas, como Caetano Veloso e Nara Leão, preferiram assistir a tudo de longe, uma vez que tal marcha feria os princípios compartilhados por eles. Nara chegou a comparar a eata com uma manifestação integralista.

Uma vez que o país enfrentava um período crítico de regime militar, tal marcha pareceu tão absurda que houve quem sugerisse que tudo não teria ado de uma armação da TV Record para promover o programa O Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues.

Assim, o Festival de 67 aconteceu em um momento em que a música brasileira vivia um embate entre o tradicional e o moderno, se tornando um desafio para os organizadores.

—∘═ :microphone: - O III Festival de Música Brasileira da TV Record

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Transmitida ao vivo em 21 de outubro, a final do Festival da Canção de 1967 deu o que falar. Nos bastidores, a organização se desdobrava para buscar artistas que estavam bebendo nos bares em cima da hora, garantir que todos estavam vestidos a rigor e até buscar Gilberto Gil no hotel, que havia desistido de cantar devido a uma crise de pânico.

Não era para menos, já que o público estava exaltado, aplaudindo e vaiando de forma tão efusiva que levou um concorrente à desclassificação: o músico Sérgio Ricardo que, ao ser impedido pela platéia de começar a apresentação de Beto Bom de Bola, homenagem ao jogador Garrincha, quebra o seu violão e o atira longe, chamando os espectadores de “animais”.

Já nomes como Ronnie Von, Erasmo Carlos e Roberto Carlos, considerados como politicamente alienados, surpreenderam interpretando as engajadas canções Minha Gente, Capoeirada e Maria, Carnaval e Cinzas, respectivamente. Esta última garantiu o quinto lugar.

Mas o que causou grande alvoroço no público foram as apresentações de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Caetano tocou Alegria, Alegria acompanhado por uma banda de rock: a argentina Beat Boys.

Além disso, o cantor fugiu dos trajes tradicionais e apareceu vestindo um blazer xadrez e camisa laranja de gola rolê.

A ousadia de subir ao palco levando guitarras fez com que o público inicialmente vaiasse a canção, mas não teve jeito: a apresentação terminou sob aplausos e garantiu o quarto lugar a Caetano.

Gilberto Gil cantou a sua moderna Domingo No Parque acompanhado por Os Mutantes, também causando estranhamento na platéia. Acabou ficando com o segundo lugar. Com essas apresentações, o caminho se abriu para o que se tornaria o Tropicalismo.

Chico Buarque, vencedor da edição anterior, ficou em terceiro lugar com o samba crítico da ditadura Roda Viva, que interpretou ao lado do MPB-4.

Quem ficou com o primeiro lugar, conquistando a Viola de Ouro, foi Edu Lobo e sua canção Ponteio, apresentada ao lado de Marília Medalha, Quarteto Novo e Conjunto Momento Quatro. A música caiu nas graças do público e foi a grande vencedora do Festival dos Festivais!

Outras músicas vencedoras no Festival foram: O Cantador, que conferiu a Elis Regina o prêmio de Melhor Intérprete, e A Estrada e o Violeiro, que premiou a composição de Sidney Miller como Melhor Letra

—∘═ :microphone: - Finalizando

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No ano seguinte ao Festival da Canção de 1967, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e outros artistas lançaram o álbum que deu origem à tropicália.

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Fonte