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Amanhecem, nas terras inóspitas da bela Roma, os idos, dias esses que não acordam ao canto dos pássaros, mas aos murmúrios da conspiração. O aço reluz sob as togas, e o Capitólio... bem, o Capitólio vive com o peso de uma revolta não dita. Uma coroa, acima do Fórum, salta aos olhos, não ainda com um dono, não ainda negada. Júlio César, o maior, atravessa previsões e oráculos, surdo aos avisos, cego aos dizeres do destino. Os senadores, ao seu redor, conspiram não pela glória, mas por Roma, ou assim dizem a seus próprios corações inseguros. Mas essa, querido(a) leitor(a), não é só a história de um tirano.
Um idealista tornado criminoso, esse é o desastre de Bruto, homem que mata e se vê além da cobiça, crente, forte pelo dever a uma ideia frágil demais para a tormenta que ele mesmo traz. É, também, o desastre da linguagem, das palavras que se fazem armas. Pois não é a punhalada que desfaz a república; é a voz que a sucede. Acima de todos e de tudo, é a tragédia de um homem que se torna mais do que carne, César, morto em corpo, coroado em lenda. Sua morte não o encerra; liberta-o e o torna simbólico.
"Júlio César" não é uma peça sobre a queda de um homem; é sobre a queda de quaisquer filosofias: da cidade, da conspiração, do idealismo em si. Entre as falhas da fala, as mentiras da filosofia e a insistência do poder, Shakespeare dá-nos mais do que história: dá-nos um alerta cíclico; as adagas se erguem e ferem, mas é a língua que sempre vence.
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Um homem entra em cena em meio à tempestade, não a tempestade de raios malditos, mas a de pensamentos incessantes: Marco Bruto, o filho estoico e o orgulho da República, aquele que crê na virtude mais do que em qualquer outra coisa. Seu mundo não se faz por sangue ou por riquezas, mas por princípios invioláveis, princípios que, nas páginas dos livros, brilham, porém, desfazem-se entre os bastidores dos homens. Para ele, César ainda não é um tirano; é mais substancial: é a mera possibilidade de um tirano, e essa possibilidade, a Bruto, já é veneno.
"Preciso é que ele morra. Eu, por meu lado, razão pessoal não tenho para odiá-lo, afora a do bem público."
Nessas únicas linhas, Bruto nos revela tanto sua nobreza quanto sua cegueira: não há ódio pessoal que o mova, só um medo teórico; matará um homem não pelo que ele fez, mas pelo que ele poderia vir a ser. Um assassinato preventivo. Justo? Quem sabe? O que se tem, com certeza, é um paradoxo moral: preservar a liberdade através de sua transgressão. Bruto, ora, acredita na pureza da ação, na clareza das consequências. Shakespeare, porém, cerca-o de homens que entendem a política não como princípio, mas como a maior das performances. Cássio manipula; Antônio persuade; Bruto só contempla. Ele é um pensador em meio a atores, e essa é sua tragédia. Ao tentar ser o orientador moral, perde o rumo. Ele também erra o palco: no Fórum de Roma, não vence quem tem razão; vence quem mais emociona. O discurso fúnebre de Bruto é calculado, lógico, sincero e... completamente inútil. Palavras fúteis são as que, em toda sua credibilidade, confiam na razão de uma multidão; palavras que se esquecem do que Antônio sabe bem: a multidão não é júri; é chama, à espera do combustível, e o combustível... é o orador certo.
Bruto não é o vilão, tampouco é o herói que fracassa em sua empreitada, porque isso seria inocente demais. É um homem nobre fora de lugar em uma peça cruel. Shakespeare lhe dá dignidade, mas não lhe dá vitórias. Seus ideais, embora interessantes espiritualmente, não têm chão nas vielas movimentadas de Roma. Em sua feição, vemos a morte da sinceridade pelas mãos da realidade. Sua queda não é só pessoal; é a queda de uma visão de mundo: aquela que acredita que ideias podem governar homens, que virtudes domam ambições, que um único ato nobre pode conduzir uma nação em meio à tempestade. Mas Roma não se curva a tais mentiras.
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É bem verdade que, à parte de toda sua glória, Júlio César morre cedo, cedo demais. O que não significa, porém, que ele deixe o palco. Em carne, é breve, até mesmo tangível; menos de cinco cenas, um homem visto em relances: orgulhoso, surdo às palavras de bem-estar, desdenhoso do temor. Definitivamente, ainda não é um tirano. Sua ambição, como insiste Antônio, "não era tudo isso". Mas a Roma ao seu redor treme! E treme muito. Não pelo que ele fez, mas pelo que poderia vir a fazer.
"Mas sou firme como a estrela do norte, cuja essência constante e inabalável não encontra paralelo no vasto firmamento."
Essa declaração, altiva e gélida, define a autoimagem de César: vê-se como fixo, eterno, além do toque das circunstâncias; uma mentira perigosa que se faz uma verdade na morte. Uma vez assassinado, César torna-se exatamente aquilo que os conspiradores temiam: inamovível, inabalável, imortal. Bruto e seus aliados pensam estar matando um homem para salvar uma ideia, mas matam um homem e libertam uma ideia mais poderosa do que antes. Pois, leitor(a), o homicídio o santifica. Seu nome já não pertence mais ao corpo; pertence à história, ao mito, ao próprio poder. Os conspiradores, ao tentarem calar uma voz, criam uma repercussão que não morre.
"És a ruína do mais nobre homem que jamais vivera na corrente do tempo."
Antônio fala sobre um cadáver, mas bem poderia falar sobre Roma. César já não é presença; é pressão. Influencia escolhas, assombra palavras, marcha, como um fantasma, até Filipos. Quando Bruto mais tarde vê seu espectro, não é só uma aparição sobrenatural; é um acerto de contas. César finda-se em um fantasma da consequência, a própria encarnação do erro.
Tal é a invejável sutileza de Shakespeare: a ausência física de César só amplifica sua presença simbólica. Em um mundo em que a percepção é a realidade, César é um deus; não pela coroa, mas pelo crime. Ele é transfigurado de homem para mito, não por aclamação, mas por conspiração. Nesse mito, morre a República. Não porque César usou a coroa, mas porque seus assassinos coroaram sua memória. O pior dos crimes.
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As adagas que deram fim à carne eram afiadas, mas a retórica sempre fora mais... contundente. O corpo do outrora líder Júlio César jaz inerte. O sangue escurece o chão do Senado, um ato hediondo já consumado. Conspiradores, um a um, aparecem, não como homicidas, mas com o pensamento de que são heróis; assim, principalmente, crê Bruto. Ele oferece, ao povo, seu coração, aberto não com aço, mas com sinceridade; dá-lhes nobres e precisas palavras, sempre racional:
"Não foi por amar menos a César, mas por amar mais a Roma."
Em outro mundo, um mais justo, talvez a lógica vencesse. Estamos, entretanto, em... Roma, uma cidade que não se move pela razão, mas pela emoção de seus transeuntes. Bruto erra seu julgamento do público tão gravemente quanto errou ao matar César. Apela à mente, sim, mas um apelo à mente não se interessa por tocar o coração! Apresenta seu argumento feito um filósofo, mas é Antônio quem compreende o palco. Marco Antônio não entra só para argumentar; entra para incendiar. Começa com humildade, contenção: "Eu vim para enterrar César e não para exaltá-lo". Cada palavra, porém, é uma fagulha; cada linha é medida, disfarçada de lealdade, carregada de ironia. Ele mostra à multidão as feridas de César e as chama de bocas; nomeia os conspiradores como "homens honrados" até que a expressão apodreça em sua própria ironia. Então... o golpe final:
"Conheceis este manto..."
Um pedaço de tecido transforma-se em um trauma nacional; uma lembrança vira movimento. Com pausas, gestos e pathos, Antônio realiza o que Bruto não soube realizar: fazer do luto de uma multidão... fúria. Shakespeare, nesse momento, vai além da cena fúnebre: expõe a anatomia da persuasão. A retórica, na peça, não é ornamentação; é destino. Ela constrói impérios e os destrói. Bruto empunha a lógica como uma espada, mas Antônio empunha a multidão como uma catástrofe. É a oratória, não o homicídio, que sela o fim dos conspiradores.
Shakespeare deixa-nos aqui, honrado(a) leitor(a), um aviso que os séculos atravessa: as palavras não só descrevem a realidade; elas, como em "Romeu e Julieta", constroem-na. E a República, antes ferida, agora sangra.
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E após tantas guerras políticas, a noite cai não só sobre Roma; cai sobre a mente de Bruto, principalmente. O "general-filósofo", antes tão certo de sua retidão, agora ouve vozes quando no escuro. Não são as vozes dos conspiradores, de seus compatriotas, mas as de sua maldita consciência, amaldiçoada e amargurada. Não são os gritos dos feridos, mas o silêncio pesado de uma visão que se desfaz. Surge o fantasma de César, não com fúria, mas com inevitabilidade. Não é sua assombração; é seu julgamento.
"Dizer-te que em Filipos nos veremos."
Essas poucas palavras não soam como uma ameaça; são piores: uma sentença das mais assombrosas. Bruto, que buscava sinceridade nos ideais, agora encontra só incerteza. Seu exército se cansa; seu aliado, Cássio, cede ao temor; a ordem que Bruto quis restaurar se corrompe, e tudo o que lhe resta é o repouso da morte.
Não é somente o declínio de um homem. É o declínio de uma ideia, de que o poder pode ser domado pela pureza, de que a violência pode ser nobre, de que a república pode ser salva com um punhal. O suicídio de Bruto nada tem de covardia. É seu último ato de domínio; uma saída estoica. Ele encara a morte sem tremor, com resolução até o fim. No entanto, a ironia o enlaça: a lâmina que lhe tira a vida é a mesma lâmina que traiu César. O punhal que deveria libertar Roma agora enterra também aquele que era o seu salvador.
"César, podes acalmar-te; contente a morte aceito, como no instante de ferir-te o peito."
Aqui, Bruto confessa o que só a morte dá coragem de dizer: seu ato não foi puro; foi manchado por inseguranças, orgulho, julgamento falho. O filósofo, enfim, entende que a filosofia não é um escudo contra o erro humano; é apenas uma lente.
A voz de César não enfraquece; piora. Bruto tentou cessar um homem e, pelo contrário, despertou uma era: Roma será governada não pela república que Bruto sonhou, mas pelo legado que jurou eliminar.
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Bruto já era. Cássio... igualmente. O campo de guerra em Filipos repousa imperturbado, coberto de ideais tão inertes quanto os corpos que ali estão. E, quanto à República Romana, o que acontece com ela? Não se reergue! No rastro interminável de sacrifícios, não é a liberdade quem vence; é a ordem, eternamente fria, imperial e irrevogável. Otávio, herdeiro de César, avança seu legado com propósitos, longe da poesia, longe da filosofia. Os conspiradores acreditaram ser os últimos defensores do livre-arbítrio e foram, na verdade, o prelúdio do que há de mais sistemático: o império.
E quanto a César? Bem, embora ausente em carne, reina em forma; em alma. Seu nome, César, é um título; sua morte, que deveria deter a monarquia, consagra-a. A República que os adversos pretendiam preservar morre não com César, seu maior símbolo, mas por como ele se fora. Eis a verdade amarga que Shakespeare quer nos ar sob a tragédia: boas intenções não necessariamente garantem bons desfechos. A retórica, ainda que mais potente do que qualquer outra arma, não ressuscita uma ordem já arruinada. A filosofia, em sua pureza, não ancora a política à deriva. Ficamos, leitor(a), com muitas perguntas inquietantes, eternas: Bruto salvou Roma ou a sentenciou? Seria César um tirano ou um mártir mal interpretado? É mais nobre agir contra o poder ou compreendê-lo?
Nenhuma dessas dúvidas terá uma resposta de Shakespeare. Somos só recordados de que a história não é escrita por heróis ou por vilões, mas pelas forças que eles libertam; pelos que vencem, pelos que ficam, pelas multidões, pelas suas visões. Acima de tudo, pela sombra de uma coroa de louros que ainda hoje circula a Terra. Viva, César!
— Referências
I. "Retórica", de Aristóteles;
II. "Cartas a Lucílio", de Sêneca, aos que têm interesse no estoicismo de Bruto;
III. "Vida dos Doze Césares", de Suetônio;
IV. "Shakespeare: The Invention of the Human", de Harold Bloom — o capítulo 9, precisamente;
V. "Júlio César", de William Shakespeare.
Obs.: tanto este blog quanto o de "Romeu e Julieta" nasceram de uma "percepção" semelhante do livro de Bloom: como, a partir dessas duas tragédias "prematuras", Shakespeare a a transformar a interioridade e a realidade em termos da linguagem. Tudo se traduz em sua poesia; tudo nasce e morre em sua poesia. Considere ambos os blogs conjuntos; faces um do outro. Agradeço aos leitores!
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Comments (15)
Você era o ESCOLHIDO Anakin.. Foi dito que você iria destruir os Sith, não se unir a eles. Trazer o equilíbrio para a força, não jogá-la nas trevas..
(Membros dá staff perplexos), você era meu irmão Anakin, eu amava você.
...
O capital
Eu
todos os possíveis culpados nos comentários
Eu matei a república
parabéns!
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