Eu decidi escrever sobre você —
como se fosse fácil traduzir feridas em versos,
como se palavras pudessem conter
o peso de um amor que veio como tempestade,
abraçando minha alma como um lenço apertado,
quente, aconchegante...
até sufocar.
Nos entrelaçamos rápido,
como se o destino tivesse pressa,
como se nossos corpos soubessem
antes de nossas mentes
que havia algo a mais,
algo além da matéria.
Mas havia segredos em você.
Afiados. Ocultos.
Você os escondeu atrás de sorrisos brandos
e, enquanto me envolvia com teu toque,
começou a me cortar.
Lentamente.
Cruelmente.
Como se amar fosse um ato de dissecar.
E eu te olhava,
com olhos sombrios e exaustos,
perguntando se você via —
se via o sangue,
se ouvia o silêncio
dos meus gritos mudos.
Você me rasgava
como quem abre um presente antigo,
curioso, impaciente, impiedoso.
E mesmo assim,
eu amava o lenço.
Mesmo assim,
eu amava você.
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[C]como se fosse fácil traduzir feridas em versos,
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